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Governança Corporativa - desde sempre

As boas práticas de governança corporativa, desde sempre

Por: Carlos Alberto Ercolin

 

Muita gente (alunos, clientes, seguidores) me pergunta: quando é o momento certo para se implantar as melhores práticas de governança numa organização: é a partir da primeira década de existência, a partir da sucessão, após o faturamento ter atingido R$ 100 milhões anuais?

Eu sempre respondo que desde sempre, ou seja, se possível, ao iniciar um negócio, já tenha em vista que a empresa um dia será grande (assim esperamos), então para que esperar ela crescer para “arrumar a casa”?

Nada impede que desde o início já se tenha um Conselho Consultivo (não confundir com Conselho de Administração, pois este implica em subordinação: a Diretoria se subordina ao Conselho de Administração (CA) e este, por sua vez -na verdade, seus membros, os Conselheiros- assume algum risco na medida em que dá as cartas (delibera, toma decisões). O Conselho Consultivo serve como um “test-drive” para que a empresa se acostume a ter “gente de fora” dando palpites e sugestões (novamente enfatizo: o Conselho Consultivo (CC) não manda, nem toma decisões. Se assim o fizer estará assumindo o papel do CA, com seus riscos e ônus pertinentes).

Todo empresário pode iniciar com um CC e, aos poucos, ir vivenciando como é ter um grupo de pessoas opinando, palpitando em temas que lhe são caros: gestão de pessoas, estratégia, finanças,... Com o passar do tempo (e a empresa for ganhando músculos) pode transformar este órgão num verdadeiro Conselho de Administração, com atas, direitos e deveres, pautas, deliberações,...

Conheço algumas empresas que possuem os dois órgãos: o CA para assuntos ligados ao negócio propriamente dito e o CC para que o CEO (Diretor Presidente ou diretor geral) se consulte em temas ainda não maduros (antes que eles sejam submetidos ao CA).

Mas não é só o CC ou CA que são importantes. Certamente o CA é o órgão mais importante da Governança Corporativa. Costumo dizer que ele o é (importante) para o bem ou para o mal. Lembremos que várias empresas que quebraram ou se envolveram em fraudes recentes tinham Conselho e Administração; ou seja: ele é importante mas não é um salvo-conduto contra fraudes e desmandos (para isso servem outros órgãos, os de controle: como Auditoria Interna e Externa, Conselho Fiscal, Comitê de Auditoria, além de algumas práticas como: alçadas de poder, controle interno, separação de funções (que aprova não contrata ou autoriza pagamento,...).

E, para isso, não é necessário que se espere a empresa crescer, não é mesmo? Já podemos imaginar, desde o início das operações, uma empresa com vários níveis de poder: Donos, Conselho, Diretoria, Gerência e Operação, cada um exercendo seu papel e dentro de seus limites de poder; também podemos imaginar a separação de funções: quem aprova, quem assina, quem compra, quem contabiliza, quem executa e quem contrata. Claro está que estas práticas vêm acompanhadas de uma série de procedimentos e mudanças de postura (e aqui não estamos pregando a burocracia pela burocracia, ou seja: documentos e controles sem-fim apenas para deixar tudo registrado). Estamos falando de valor agregado, ou seja: controles e documentos que sirvam para registrar o aprendizado (lições aprendidas) e, com isso, a organização possa aprender com seus erros e acertos e ir evoluindo. Tudo isso sempre assentado nos princípios da Governança Corporativa (como preconiza o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa): transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.

Nos próximos posts falaremos, com mais profundidade, sobre cada um destes princípios e como eles agregam valor às organizações que os empregam no seu dia-a-dia.


Carlos Alberto Ercolin é professor de vários programas de pós-graduação (Brasil, Argentina e Caribe). Coautor do livro de Governança Corporativa do FGV Management (onde também é professor desde 2007).

Professor nos cursos do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e coordenador do Capítulo PR.

Consultor e conselheiro (Consultivo, de Administração e Fiscal) de várias empresas familiares e de capital aberto. É Conselheiro Fiscal Certificado pelo IBGC (atua em empresa listada no Novo Mercado, mais alto nível de governança de empresas de capital aberto no Brasil).

  


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